quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Pressa

Ele queria dormir. Vê-se de longe que gosta demais da tarefa. O rosto cansado, olhos pesados, é um nó que se afrouxa na garganta. E esquece do mundo, tempo que corre invisível, quando hora desperta. Por que não consegue estar acordado? Mais horas se passam.
Aqueles minutos de olhos minguantes.
É como se tirasse a cabeca de dentro d'agua. E volta a força da verdade, onde chora os minutos passados. Mais um dia e se chega mais perto. Mais perto. Mais perto. Vai se vendo o esculachado. E o que fez? Volta a dormir mais uma dia.
Todos os dias sente o cansaso. E o dia n
ão da no garoto a vontade. É tanto e tao pouco tempo. Alguem consegue lhe dizer que não é capaz? Que são sonhos a toa? Conta para o menino, essa vida de merda!
Ele levanta e mais um dia pucha a corda. Chegara, perciste na força. Se olha. Se lanca. Se pergunta. Fechara de vez o livro? Ganhara a vida? Ou n
ão? Isso me mata.

Passageiro

Sao muitos trens que me levam a caminho algum. Circulam e nao saem, fico presa ao formigueiro sem ar que me alcalme. Esta ouvindo? Eh mais um que chega. Range os trilhos de um ferro incerto, nao obedece a vontade e ao tempo, corre numa linha so. Sao tristes as estorias que carrega? Sao faces ou carcassa? Eh comida? Lixo? O estrago? Anda porque nao lhe tem mais nada, caminha por nao ter escolha. Por isso se dremime, eh pesada a carga. Por que nao sao de sonhos que o trem corre. Sao maos lascadas, rostos cansados. Fome e soberba se dividem. E de longe vem o guarda, coitado. Sem razou fechou os olhos para o que chamam de patria. Existiram sonhos de criancas. E o trem passa. Passa ligeiro e me deixa. Me deixa. Quero passar.